domingo, 14 de março de 2010

"Recadinho"

Hoje, domingo, dia 14 de Março, ao visitar este blog do Agrupamento de Escolas, Porf. Dr. Carlos Alberto Ferreira de Almeida, E.B. 2,3 do Cavaco, em Santa Maria da Feira, agrupamento este, do qual faço parte, e onde nunca tinha encontrado uma criança a falar aos adultos desta forma.
“Em muitas famílias, os pais não têm tempo para os filhos. O pai vê jogos de futebol, a mãe tem, além do trabalho fora de casa, as tarefas domésticas para fazer. Os filhos ficam entregues a si próprios. Estas atitudes podem ter consequências graves: os filhos sentem-se abandonados, sem apoio, sem auto-estima, o rendimento escolar é baixo.Tenho a certeza que em todas as famílias, existe um bocadinho de tempo para dar atenção aos filhos. É preciso que os pais saibam que os filhos também sentem e que não serão felizes se não lhes derem carinho, se não os ouvirem e se não os apoiarem.”Catarina Resende, 5ºE
Ao ler este “recadinho”, não pude deixar de reflectir na falta de apoio que os pais dão aos seus filhos. Eu nunca fui mãe, mas sou mãe todos os dias. Todos os dias dou beijinho, digo bom dia, ouço as lamentações das crianças de tenra idade, faço curativos, aconchego quando dói um dente, quando o lábio rachou e sangra, coloco o penso, aperto o atacador, faço um mimo e deixo que mo façam a mim…sinto diariamente a carência afectiva de cada criança. Como disse nunca fui mãe a tempo inteiro, nunca tive o prazer de carregar no ventre a paixão de uma vida, não sei o que é sentirmos algo que é nosso, uma planta completa com raiz, caule, flor e fruto. No entanto sinto esta angústia todos os dias, da falta de atenção que os pais dão aos filhos. Por vezes ouvimos dizer que a mãe se zangou, o pai saiu, a avó mimou. Esta é uma realidade que demonstra um país despreocupado com o crescimento das crianças e adolescentes. A Catarina lembrou-me a minha infância, a ausência dos pais. A Catarina lembrou-me a crueldade das crianças institucionalizadas e que nada podemos fazer por elas. A Catarina lembrou-me o meu filho, que não teve o amor de mãe e pai e hoje não o sabe receber. Estar institucionalizado é o mesmo que perder a capacidade de receber o que tanto pede a Catarina. Esta criança, do 5º ano de escolaridade, é uma “adulta em miniatura” que nos traz um grande recado. Se é pai e mãe, se teve a sorte de o ser, se trouxe dentro de si um ser que ama, disponibilize 15m por dia para o encher de beijos e lhe perguntar como foi o seu dia. Faça o que não posso fazer, seja uma família.
Um beijo a todas as crianças do Mundo em especial as que não têm uma família.
Rosa Familiar

1 comentário:

Anónimo disse...

Um dia Fernando Pessoa escreveu:
"Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças..."

É preciso cuidar delas, hoje e sempre.

Beijinhos.
Obrigada Catarina pelo "recadinho" e à Rosa pelo desabafo.

Helena T.